sábado, 6 de junho de 2009

Quebra a cabeça!

"Nem tudo que se encaixa deve permanecer 
encaixado. E nem tudo que parece se encaixar realmente se encaixa."

Quando era pequena, ao tentar montar quebra-cabeças, eu extrapolava as regras. Algumas peças pareciam se encaixar perfeitamente, a um primeiro olhar, mas ao tentar colocá-las juntas, não dava. Mas, pela primeira impressão que eu tinha, insistia em montar daquele jeito. Nunca quebrei nenhuma peça! Contudo, perdia tempo teimando em peças que não deveriam permanecer lado a lado.
Muitas vezes nos deparamos com situações semelhantes. São relacionamentos que não dão certo, uma escolha profissional que não combina com a gente, ou um estilo que forçamos.
Tornando-nos reféns de uma teimosia própria que leva à perda de tempo e de concentração, focamos toda a atenção e dedicação a uma causa que desde o início já era perdida. Em vão, acreditando que nosso esforço será, um dia, recompensado. Tentando ajudar alguém que não quer ser ajudado, esperando dedicação alheia por um encontro que você tanto valoriza. Forçando o encaixe de duas peças que não foram feitas para se encaixarem.
Nosso olhar, mesmo que atento, é por vezes ludibriado por limites que parecem se complementar. É aí que nos enganamos. Talvez por falta de conhecimento, ou de experiência. Lembra-se daquele primo que sempre quis ser médico, mas ao chegar na faculdade descobriu que queria ser filósofo?
As peças reais, porém, se utilizam de um artifício desleal: são moldáveis e, com o tempo, podem não ter mais as mesmas curvas que tinham. Mais um obstáculo. Entender que os encaixes que outrora pareciam tão perfeitos, começam a se desfazer... aos poucos. Às vezes até demoramos para perceber. Por isso aquela sua amiga que namorou o Lucas por 5 anos não o namora mais. Cada pessoa tem seu tempo e sua metamorfose. Suas idéias, planos e metas mudam conforme sua experiência e maturidade. E, umas vezes,quem está ao seu lado permanece o mesmo, ou segue um outro caminho. Daí a liquidez das pecinhas... Vez ou outra, os encaixes voltam a aparecer, milimetricamente medidos novamente. Mas isso é capricho do destino... uma leve ironia do jogo.
E esquecemos que temos, no mínimo, um encaixe a mais... por que não dedicar mais tempo a outras peças, a outras formas? 
Porque a graça da brincadeira reside na procura e no lento processo de montagem... e depois que está tudo montado, o melhor a fazer é desmontar tudo... só para depois reencaixarmos as 5000 peças novamente.

2 comentários:

Raphael C. Lima disse...

"Porque a graça da brincadeira reside na procura e no lento processo de montagem..." Exatamente isso! Todo aquele processo de construção, de caminhada e de preparo são os que mais dão prazer na vida. A ansiedade e a surpresa da descoberta são os temperos que deixam tudo mais gostoso e instigante. Acaba que no fim das contas, o rumo das coisas é melhor do que a chegada. Deve ser gratificante cruzar a linha, mas não agora. Ainda temos muita estrada pela frente... "deixa o verão pra mais tarde."

Bianca L. Forreque disse...

Ainda temos muita estrada pela frente. =)