quarta-feira, 10 de junho de 2009

Open Up

Há muito tempo eu tive uma “melhor amiga”. Toda menina tem uma, né? Mas o tempo passou, a gente cresceu e nossos caminhos simplesmente se afastaram um pouco. Surgia a sensação de vazio, distância... esquecimento. Todas as frases bonitinhas pareciam morrer, uma a uma, em frente à minha cara. Nós nunca nos esquecemos, é claro. Mas a nostalgia e a sensação de decepção me perseguiram por tanto tempo...

Depois disso eu demorei para me “entregar” a uma nova amizade. Quantas belas chances de ótimas amizades eu perdi? Não sei dizer. Mas que perdi, disso eu tenho certeza. Isso acontece o tempo todo, com muita gente: o medo do novo. Perder algo que há muito tempo foi cultivado pela gente dá um desconforto sem igual... mas isso não quer dizer que novas conquistas não serão igualmente (ou até mais!) emocionantes. Só que a gente, muitas e muitas vezes, não quer enxergar isso. Teimamos no velho, naquela referência batida de relacionamento! Assim caminhamos para voltar no tempo, ao invés de avançar. E pra sempre insistimos no mesmo erro. Ninguém quer se decepcionar mais de uma vez.

Aceitação. Essa é a palavra de ordem e progresso. Tanto aceitar que o que aconteceu era pra ser, quanto aceitar novos relacionamentos, novas pessoas, novos amores. Permitir-se ser alcançado e ser receptivo às novidades que Destino nos trouxer. É assim que conhecemos novos “melhores amigos”, novos amores e até mesmo novos lugares e novas culturas.

Sim, porque qualquer mudança envolve aceitar o passado, encarar que o futuro não será mais como era antigamente e receber o que puder ter em mãos.

Já viu um garimpeiro perder uma pepita de ouro? É porque ele não prestou atenção... O ouro, que no caso seria toda regalia que cai em nossas mãos por acaso, não perde o seu valor por ter sido encontrado ou não. Ele continua sendo aquele mineral com valor monetário grande. Mas, enquanto ele não for achado, não poderá enriquecer o garimpeiro. E, para achá-lo, é preciso exímia atenção e procura exaustiva.

Assim somos e assim seremos: defensivos. Ninguém quer pôr suas cartas a perder. Mas, algumas vezes já a perdemos e não admitimos. É aí que ocorre o erro: achar que o passado ainda é parte do presente e insistir num sentimento que já foi consumido. Pode ter sido bom enquanto durou. Mas não é porque foi bom por uma época que assim será para sempre. Os tempos mudam e nossas necessidades também. Bom é saber respeitar nosso tempo e ter o peito aberto às novas caras e gostos. Assim é que nos apaixonamos... por outros, por nós mesmos de novo e pela vida que não deve permanecer no passado nunca.

Vá de braços abertos, mas não deixe de abraçar as possibilidades.


foto por: Eliza Beth

sábado, 6 de junho de 2009

Quebra a cabeça!

"Nem tudo que se encaixa deve permanecer 
encaixado. E nem tudo que parece se encaixar realmente se encaixa."

Quando era pequena, ao tentar montar quebra-cabeças, eu extrapolava as regras. Algumas peças pareciam se encaixar perfeitamente, a um primeiro olhar, mas ao tentar colocá-las juntas, não dava. Mas, pela primeira impressão que eu tinha, insistia em montar daquele jeito. Nunca quebrei nenhuma peça! Contudo, perdia tempo teimando em peças que não deveriam permanecer lado a lado.
Muitas vezes nos deparamos com situações semelhantes. São relacionamentos que não dão certo, uma escolha profissional que não combina com a gente, ou um estilo que forçamos.
Tornando-nos reféns de uma teimosia própria que leva à perda de tempo e de concentração, focamos toda a atenção e dedicação a uma causa que desde o início já era perdida. Em vão, acreditando que nosso esforço será, um dia, recompensado. Tentando ajudar alguém que não quer ser ajudado, esperando dedicação alheia por um encontro que você tanto valoriza. Forçando o encaixe de duas peças que não foram feitas para se encaixarem.
Nosso olhar, mesmo que atento, é por vezes ludibriado por limites que parecem se complementar. É aí que nos enganamos. Talvez por falta de conhecimento, ou de experiência. Lembra-se daquele primo que sempre quis ser médico, mas ao chegar na faculdade descobriu que queria ser filósofo?
As peças reais, porém, se utilizam de um artifício desleal: são moldáveis e, com o tempo, podem não ter mais as mesmas curvas que tinham. Mais um obstáculo. Entender que os encaixes que outrora pareciam tão perfeitos, começam a se desfazer... aos poucos. Às vezes até demoramos para perceber. Por isso aquela sua amiga que namorou o Lucas por 5 anos não o namora mais. Cada pessoa tem seu tempo e sua metamorfose. Suas idéias, planos e metas mudam conforme sua experiência e maturidade. E, umas vezes,quem está ao seu lado permanece o mesmo, ou segue um outro caminho. Daí a liquidez das pecinhas... Vez ou outra, os encaixes voltam a aparecer, milimetricamente medidos novamente. Mas isso é capricho do destino... uma leve ironia do jogo.
E esquecemos que temos, no mínimo, um encaixe a mais... por que não dedicar mais tempo a outras peças, a outras formas? 
Porque a graça da brincadeira reside na procura e no lento processo de montagem... e depois que está tudo montado, o melhor a fazer é desmontar tudo... só para depois reencaixarmos as 5000 peças novamente.