domingo, 19 de abril de 2009

You hurt, you learn.

Buda pregava que o sofrimento é inevitável diante do apego ao mundo, às coisas materiais e só acabaria quando percebêssemos o caráter ilusório dele. Mas Carlos Drummond de Andrade cita que “a dor é inevitável, mas o sofrimento é opcional”. E não é?

Quando se é criança, é normal se machucar. Cair da bicicleta, ralar o joelho, dar com a cara no chão. Dói. Dói demais, e você deve se lembrar de vários tombos pela infância. Mas você pode escolher fazer um escândalo, fazer bico, uma manha... apesar de que logo passa, e você parte pra outra aventura.

À medida que o tempo passa, a dor muda de cena. São decepções em relacionamentos com amigos, pais, irmãos, amorosos... Talvez por esperar demais de alguém e acreditar que essa pessoa possa corresponder ao que nos é desejado, criamos expectativas que nem sempre são concretizadas. Culpa de quem? De ninguém, a história caminha assim mesmo. Por entre ilusões e atitudes concretas. Mas essa é a palavra chave: atitude.

É a atitude que determina se você opta pelo sofrimento ou não. Se você vai ficar se afundando e insistindo na sua decepção ou não.

Eu acreditei, por muito tempo, numa ilusão que eu mesma criei. E por gostar demais, me ofereci por inteira. Eu comecei a sofrer, por opção, há muito tempo. E acabei me desgastanto demais. Transpus barreiras, briguei com muita, muita gente que me alertava a cuidar mais de mim mesma, descuidei de muitas outras pessoas que me queriam bem, até mesmo família. Venci medos... acreditando que o sacrifício valeria a pena. Foi quando me decepcionei. Dei por mim e vi que da outra pessoa, eu mal tinha uma amizade. Nem sei quantas vezes ela ficou feliz por me ter por perto de verdade.

O sofrimento não me retornou quase nada. Nem sei se alguma vez retorna. Da minha paixão, retirei principalmente o que a palavra realmente significa. “Sofrimento”. Eu fui feliz concomitantemente ao tempo que sofri, mas foram lampejos de felicidade. Eu poderia ter escolhido ser feliz com momentos de dor.

O apego nos torna reféns de nós mesmos. E gostar de outra pessoa ou de outra coisa nos impõe um risco muito grande: de se sentir impotente, fraco. E tudo sai de nosso controle... Mas quando o sentimento é sincero, e você é leal consigo mesmo, não se deve arrepender de ter sofrido. E sim aprender que os sentimentos das pessoas fogem do nosso controle e infelizmente não podemos simplesmente buscá-los dentro de alguém. Nem seria justo. Eles devem ser ofertados... E se insistir faz efeito ou é apenas prolongar o sofrer, eu não sei. É como uma corrida de cavalos. Você aposta e fica apreensivo o tempo todo, mas pode acabar ganhando uma bolada de dinheiro. Talvez essa seja a sua atitude. Talvez desistir seja mais rápido,muito mais defensivo, mas menos rentável também. Cada um escolhe seu caminho.

2 comentários:

Israel Son disse...

Fala dos seus sentimentos, de como se desnudou e se decepcionou. Fala determinadamente que não houve resposta do outro lado, que o retorno não foi à altura se baseando obviamente em suas experiências particulares passadas. Suas conclusões sobre meu modo de agir e meu interesse, corretas ou não, só surgiram de você. Lembra que a primeira vez que você tentou tortuosamente saber o que eu estava sentindo ou pensando foi há dois dias atrás?

Bianca L. Forreque disse...
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