domingo, 19 de abril de 2009

Abra os olhos!


Meu irmão sempre me dizia: “o mal do ser humano é ser muito ambicioso. A gente nunca se contenta com o que tem.” Eu não posso concordar mais. Se temos uma boa casa, queremos uma ainda mais arrumada ou maior. Se temos um bom emprego, queremos sempre um cargo mais alto. Se temos alguém com perto, queremos alguém menos “defeituoso”. Entre o doce e o amargo, a ambição nos leva além, nos impulsiona a uma versão melhor de nós mesmos. Mas será que já temos o que precisamos... e só não valorizamos devidamente? 

Ambição ou ingratidão?

A velha história da “grama do vizinho ser mais verde do que a minha” me vem à cabeça várias e várias vezes. Ou talvez nem tenha um parâmetro de comparação como a grama do vizinho, mas as pessoas insistem em olhar pro seu próprio quintal por uma janela suja. E vêem tudo do lado de fora meio acizentado... Parece uma anorexia sentimental! Vê-se qualidades próprias, conquistas pessoais e relacionamentos com uma configuração deturpada. Logo, a própria vida do indivíduo soa diminuta, insatisfatória. Quando, na verdade, coisas boas o cercam o tempo todo. Mas ele não percebe, porque perde seu tempo olhando pro chão. E, por isso, ele almeja alguma coisa ainda mais grandiosa, sem se tocar de que algo maior esteve encarando-o o tempo todo. Ele só não viu.

É óbvio que a insatisfação nos encoraja a buscar uma evolução pessoal, mas nem sempre precisamos estar insatisfeitos, mas sim valorizar aquilo que já é nossa conquista, só que nem sempre demos tanto valor. Como uma cristaleira velha que esteve tanto tempo guardada, mas que ainda fica linda sobre a mesa de centro, ou quando perdemos um emprego e a agência retorna a chamar [e você não aceita! (é, eu já presenciei isso...)], ou uma pessoa que te valoriza demais e te quer bem, mas você a ignora.

Eu já vi muita gente reclamando que não tinha o que tinha. É como estar com o controle remoto na mão e, mesmo assim, procurar por ele loucamente na sala, na cozinha, no banheiro... e, por fim, descobrir que você esteve segurando-o o tempo todo! É uma pena, porém, que nem todo mundo venha a olhar pra própria mão e pensar: “ah, estive com ele o tempo todo, só não vi...”

Antes de se queixar de toda decepção e insatisfação na vida, presta atenção se o controle remoto não está na sua mão, pra não ser ingrato com o Destino. Acho que ele não gosta de gente ingrata... e joga isso na nossa cara mais tarde. Mas aí já é tarde demais, e talvez não tenhamos mais nem controle remoto, muito menos a televisão, e até mesmo o móvel onde a colocávamos. E nos lamentamos por ter perdido alguma coisa... mais uma vez!

Um comentário:

Raphael C. Lima disse...

É bem verdade. Vez ou outra me deparo com esse conflito. Porquê sempre estamos à procura de uma felicidade que nunca vem? Talvez seja por que nos tenham ensinado a enxergar a vida de um ponto equivocado. Megalomaníaco. Queremos sempre mais e mais. Só que esse além é quase sempre a ânsia por algo que nos tornaria invejados. Parece que nos alimentamos da aprovação de terceiros. A insegurança do homem muda o seu foco. Ele agrada pra ser agradado. Ao invés enxergar o bem em si a ponto de transbordar a graça, prefere a miséria do egoísmo.

Essas idéias ainda precisam ser desenvolvidas [dá pra escrever um livro!] e postas em prática, de preferência.