
Em cada nova encruzilhada que enfrentamos, partimos. Deixamos para trás alguma parte de nós mesmos. Do coração, da mão ou do pulmão. Pouco importa de onde arrancamos esse nosso pequeno “eu”, mas sim que temos de deixá-lo lá.
A cada erro, a cada tropeço, temos a chance de um novo começo. Mas, para seguir em frente, o pé tem de se mover adiante. A pegada que fica no lodo que foi o passado eu já nem vejo mais. Toda dor que causei, todo mal que plantei, eu pedi perdão e entendi que não adianta insistir no sofrimento. Sofri junto, acalentei tantas noites de pesar... chorei em silêncio e em quietude guardei assombrações que só quem sentiu sabe como machuca. Mas passou. E eu vi pessoas pequenas darem passos de gigantes.
Elas também aprenderam que a marcha é dura, mas necessária.
Às vezes choramos nossos próprios erros achando que é a decepção com outros. E nunca encontramos nossa paz, porque não entendemos o que queremos deixar quieto. Como um quebra-cabeça ainda por fazer, somos atraídos a ele. Talvez por vaidade, por querer provar que podemos resolvê-lo. Mas não há mais o que fazer.
Vai, Pequena. Deixa em paz o que não é mais seu, apesar de ser parte de você. A borboleta também se desfaz de seu casulo pra poder voar. E assim seguimos o fluxo dessa louca vida... reproduzindo nossas idéias e sentimentos, por brotamento mesmo. E sem parar, nunca!
Para chegar ao futuro, é preciso livrar-se do passado, mesmo que às vezes eles pareçam se confundir. Vez ou outra nós é que nos confundimos, porque alguma maldita areia-movediça nos puxa ao abismo que é tudo pelo que já vivemos.
Se eu pudesse dizer alguma coisa, eu diria que guardasse suas belas poesias, amadurecesse a alma que é grande e caminhasse pra longe de toda essa sujeira.